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quarta-feira, 4 de julho de 2012

A VIAGEM




Olhando do alto das nuvens mais brancas do céu, a minha alma olhou para baixo e viu novamente o lindo planeta azul.
Recordou as árvores, o oceano, as flores e todos os animais que ali habitam.
Escutou o sopro do vento, o rugido dos trovões, e o barulho da chuva.
Voltou a sentir o cheiro da terra molhada, a frescura da relva e o calor da areia nos pés.
Lembrou-se do sol, da lua e das estrelas e soube que se resolvesse saltar, teria de olhar para cima e não para baixo, sempre que os quisesse contemplar.
Sentiu profundamente a vulnerabilidade do mundo emocional ao qual estaria sujeita, se decidisse mergulhar.
Os desafios, as duvidas, os obstáculos, os retrocessos e os avanços que teria de enfrentar.
Sabia a dura prova que a aguardava de estar dividida e não mais inteira, a ter de vivenciar a dualidade dos opostos.
Hesitou muito, por estar consciente da dor do  esquecimento de quem era, e que iria ter de  deixar metade de si própria no lar até que fizesse a conexão, sem quaisquer garantias de ser bem sucedida.
Recordava a saudade imensa das suas raízes...
E que seria essa saudade abençoada, tão dolorosa e solitária que iria servir de farol, e  que  iria impulsiona-la a encontrar o caminho de regresso à totalidade de quem era.
Sabia que trazia algo de absolutamente necessário para a Terra, que só ela poderia dar, pois faz parte de uma orquestra gigantesca , que nunca tocará em harmonia, sem o instrumento que ela carrega.
Pensou nas limitações do corpo, e que enquanto cá estivesse, não iria poder voar...
Por fim, recordou as outras almas que habitavam o planeta e toda ela se iluminou!
Estava comprometida com o amor, e sabia que a sua chegada era esperada e celebrada em todos os cantos do universo.
Perdeu todas as hesitações, e olhando uma vez mais para todo o povo do céu que ali se havia reunido para se despedir, saltou para o vórtice mais uma vez.
Não veio só...
Está sempre rodeada de anjos.
Para  a relembrar que o corpo que vê reflectido no espelho, é apenas um disfarce para o anjo que ela é, e que um dia, no dia que ela escolher, ira deixar para trás o disfarce, abrir as suas asas gigantes e poder enfim regressar de volta às nuvens mais brancas do céu.
De volta à fonte do mesmo amor que a trouxe à Terra.
E fará esta viagem até que todo o céu seja trazido à Terra.
Até que a musica das esferas seja cantada e conhecida por todos.
Até que metade da Terra seja amor, e a outra metade também...

Cláudia.